
Laterza defende que as polícias Civil e Militar sejam devidamente “equipadas e valorizadas” para combater a crescente ameaça criminosa.
Em entrevista exclusiva ao portal Ver-o-Fato, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol-Br), Rodolfo Queiroz Laterza, fez duras críticas ao suposto acordo entre as maiores facções criminosas do país, Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).
Para ele, essa aliança representa “uma ameaça direta à paz social e à segurança nacional, ampliando a influência do crime organizado em diversas regiões, especialmente na Amazônia”.
Laterza destacou que o PCC e o CV não apenas dominam o narcotráfico no Brasil, mas agora avançam sobre o bioma amazônico. Além de ilícitos ambientais como desmatamento e invasão de terras públicas, essas facções criminosas estariam explorando ilegalmente minérios através de garimpos clandestinos e consolidando rotas de tráfico de drogas e armas.
Diante desse cenário, o presidente da Adepol defendeu a “necessidade urgente de um plano de ação integrado entre os governos dos estados da Amazônia”. Ele ressaltou a importância da aplicação rigorosa das leis orgânicas das polícias civis e militares (Lei 14.751/2023 e Lei 14.735/2023), assegurando que essas instituições sejam devidamente equipadas e valorizadas para combater a crescente ameaça criminosa.
Inércia do governo federal
Laterza também criticou a omissão do governo federal no enfrentamento das facções criminosas. Ele apontou o abandono do SISFROM (Sistema de Segurança de Fronteiras) e o enfraquecimento das Forças Armadas como fatores que facilitam a expansão do crime.
Além disso, destacou a descontinuidade e a falta de orçamento adequado para o antigo SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), bem como a precarização das unidades da Polícia Federal no Norte do país.
Outro ponto abordado pelo delegado foi a incapacidade da União de proteger adequadamente as terras devolutas, permitindo que crimes ambientais e territoriais ocorram sem uma resposta efetiva.
Falta de apoio à segurança ambiental
O presidente da Adepol ainda criticou a falta de interesse do governo em aprovar o Projeto de Lei 629/2019, que permitiria a inclusão das polícias civis e militares no SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) como órgãos consultivos, dando-lhes prerrogativas para lavrar autos de infração administrativa contra crimes ambientais.
Para ele, a ausência dessa regulamentação compromete a segurança jurídica e dificulta a atuação das forças policiais no combate a crimes ambientais.
O delegado destacou que, “sem o trabalho das polícias estaduais, a impunidade na Amazônia seria ainda maior”. Mesmo com o frequente apoio dessas instituições ao Ibama, o governo federal não repassa os recursos necessários para que as forças de segurança atuem de maneira eficaz.
Segundo Laterza, o cenário atual exige uma resposta imediata e coordenada das autoridades. Ele reforça que sem investimentos adequados nas polícias estaduais, fiscalização eficiente das fronteiras e envolvimento ativo do governo federal, o avanço das facções criminosas seguirá incontrolável, colocando em risco não apenas a segurança pública, mas também a soberania nacional.
Fonte: Portal Ver-o-Fato